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Friday, January 31, 2025
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    Nasi lança o álbum Rocksoulblues

    Nasi lança o álbum Rocksoulblues

     

    Imagine sua vida sem discos como “Mudança de Comportamento”, “Psicoacústica”, “Vivendo e Não Aprendendo”, e sem a banda que, para muitos – eu me incluo no grupo – é a melhor e mais instigante entre os grandes do Rock dos anos 80, e o único que entra em sua quinta década de existência lançando discos desafiadores, como ficou provado pelo excelente LP homônimo, lançado em 2020, em plena pandemia.

    Nasi lança o álbum Rocksoulblues
    Crédito: Ana Karina Zaratin

    Mesmo nesse cenário, sem o Ira!, Marcos Valadão, o Nasi, seria um dos nomes mais importantes e talentosos do pop-rock brasileiro dos últimos 40 anos.

    Um artista com um trabalho eclético e de altíssima qualidade, que nos anos 80 já enxergava a força e importância do hip hop paulistano, produzindo a influente coletânea “Hip Hop Cultura de Rua”, que revelou nomes como Thaíde e DJ Hum, MC Jack e Código 13.

    Off-Ira!, Nasi deixou sua marca no pós-punk brasileiro com o grupo Voluntários da Pátria, montou o grupo Nasi e os Irmãos do Blues, que lançou três LPs de festas à música de raiz norte-americana, especialmente dos gênios Muddy Waters e Howlin’ Wolf, e recentemente voltou aos tempos de mod com um disco explosivo gravado com a banda Spoilers.

    Nasi lança o álbum Rocksoulblues
    Crédito: Ana Karina Zaratin

    Como se não bastasse, tem uma longa carreira solo, que chega agora ao nono disco, “Rocksoulblues”.

    “Rocksoulblues” traz oito faixas, a maioria composta ou interpretada por artistas que Nasi sempre admirou, como Zé Rodrix, Tim Maia, Erasmo Carlos, Jerry Lee Lewis e Martinho da Vila, gravadas em versões surpreendentes e diferentes das originais.

    O disco abre com “Blues do Gato Preto”, do próprio Nasi, um bluesão malemolente, cantado com a voz rascante e áspera de Nasi e com um clima de big band , animado pelos saxofones de Sax Gordon e pelos teclados de Johnny Boy, colaborador habitual de Nasi em sua carreira solo.

    Depois, Nasi transforma “Devolve Meus LPs”, de Zé Rodrix, num jump blues que parece ter saído de um clube enfumaçado de Kansas City ou Chicago, e tira do chapéu uma versão blues do clássico do Ira!, “Dias de Luta”, com o guitarrista Igor Prado conjurando Stevie Ray Vaughan e Albert King.

    Nasi lança o álbum Rocksoulblues
    Crédito: Ana Karina Zaratin

    As surpresas continuam com a versão matadora de “Não Te Quero Santa”, composta por Vitor Martins, Sérgio Fayne e Saulo Nunes e gravada originalmente pelo Tremendão em seu LP clássico “Carlos, Erasmo” (1971). É a primeira de três faixas gravadas no disco pela excelente banda formada por Marcelo Sussekind e que tem Sergio Melo (bateria), Sergio Morel (guitarra) e Sergio Villarim (teclados), além do próprio Sussekind no baixo.

    Em seguida vem “Não Vá Me Machucar”, adaptação – com letra de Nasi – de “Rollin’ and Tumblin’”, clássico blues norte-americano gravado em diferentes versões por vários bluesmen dos anos 1920 e mais conhecido pela versão eternizada por Robert Johnson em 1936, com o título de “Se eu tive posse no dia do julgamento”. Aqui, a canção ganha uma roupagem moderna e dançante, com as participações do produtor Apollo Nove e os “scratches” do DJ Hum. É uma conexão blues-hip hop-eletrônica.

    Nasi lança o álbum Rocksoulblues
    Crédito: Ana Karina Zaratin

    E quem mais, senão Nasi, poderia transformar um Country Western no samba “O Caveira”, famoso na voz de Martinho da Vila? A nova versão ganha a companhia da cantora Nanda Moura, que divide os vocais com Nasi nesse dueto divertido. O cantor depois solta a voz e presta tributo a um de seus grandes ídolos, Tim Maia, na suingada “O Que Você Quer Apostar?”, abrilhantada por um solo de guitarra simultaneamente de Sergio Morel.

    “Rocksoulblues” encerra com “Rosa Selvagem”, versão de “Ramblin’ Rose”, originalmente um country-blues gravado em 1962 por Jerry Lee Lewis e transformado, em 1969, num míssil proto-punk pela banda MC5 em seu LP de estreia, o clássico “Kick out the Jams”. A versão de Nasi emula o MC5 e é o encerramento perfeito para um disco festivo.

    Nasi lança o álbum Rocksoulblues
    Crédito: Ana Karina Zaratin

    “Rocksoulblues” não é um simples “disco de covers”, daqueles em que o artista se limita a regravar músicas que gosta. É um LP de intérprete, em que Nasi transforma e dá a sua cara músicas que o influenciaram. É um disco eclético e surpreendente. Um disco com a cara do Nasi.

     

    Fonte: Catto Comunicação

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